sexta-feira, 2 de julho de 2010

Brasil perde jogo fácil e dá adeus à COPA 2010


Em um piscar de olhos, um jogo que era fácil escapou pelos dedos do Brasil. Essa foi a história da derrota canarinho pelas mãos da Holanda, por 2 a 1, no Estádio Nelson Mandela Bay, em Porto Elizabeth, na África do Sul. Com ela, acaba a jornada brasileira rumo ao Hexa, novamente nas quartas-de-final, assim como na Copa de 2006, quando o time foi derrotado pela França.

Desta vez, porém, a equipe mostrou gana, paixão e amor à camisa, mas perdeu por falhas individuais e por lances de infelicidade, em uma partida que dominou por boa parte do tempo. Traiçoeira, a Holanda achou dois gols na segunda etapa, virando o jogo e conquistando sua vingança pelas eliminações em 1994 e 1998, quando o time brasileiro saiu vencedor, por 3 a 2 e nos pênaltis após empate em 1 a 1. Curiosamente, os dois duelos também aconteceram pelas quartas-de-final das Copas.

Com a vitória, o sonho do inédito título mundial ganha força na Holanda, que agora espera o vencedor do jogo entre Uruguai e Gana, que acontece às 15h30 desta triste sexta-feira para o torcedor brasileiro.

Avassalador
O duelo começou pegado, com os dois times dividindo todas as bolas e a Holanda tomando a iniciativa de atacar em um primeiro momento. Os espaços estavam se abriram rapidamente, e como de costume, o contra-ataque do time brasileiro foi certeiro e mortal. Aos nove minutos, Felipe Melo, ainda no centro do campo, viu Robinho se infiltrando no meio da aberta defesa holandesa e descolou uma linda enfiada de bola.O atacante bateu de primeira na saída de Stekelenburg, abrindo o placar para a explosão dos brasileiros no Nelson Mandela Bay.

O gol assustou o time holandês, que apostava nas investidas pela direita, com o ponta Robben. Michel Bastos, porém, se portava bem na defesa, e por estar acostumado a jogar como meia pela direita, sempre bloqueava o pé esquerdo do holandês, que não tinha outro recurso senão o drible pela canhota. Dois minutos depois, pelo outro lado do campo, Kuyt recebeu com liberdade e chutou de direita, para uma boa defesa de Julio César. Foi o último lance de real perigo da Holanda no jogo, a partir daí, só deu Brasil.

Aos 25, Daniel Alves aproveitou sobra de bola pela direita, gingou para cima do defensor e cruzou para o meio de área. Juan chegou batendo com tudo e jogou por cima, desperdiçando uma grande chance pela Seleção. Aos 31 minutos, Robinho puxou a defesa da Laranja para dançar, passou por dois marcadores e tocou para Luis Fabiano. O centroavante ajeitou de letra para Kaká, que dominou, olhou e bateu colocado, no ângulo. Stekelenburg fez uma defesa espetacular, e o volume do jogo canarinho na partida era de impressionar. Aos 36, a Holanda ainda tentou chegar com perigo em cobrança de falta, do meia Sneijder. O chute saiu forte, porém no meio de gol, e Julio César encaixou com firmeza.

Antes do final do primeiro tempo, o Brasil quase repetiu um dos gols mais antológicos da história das Copas, quando Carlos Alberto Torres recebeu bola ajeitada por Pelé e soltou a bomba, na final de 1970, contra a Itália. No lance desta partida, a bola rodou todo o campo até cair com Michel Bastos, pela esquerda. O lateral serviu Kaká, que lucidamente viu Daniel Alves na entrada da área. O meia dominou, olhou, e assim como Pelé, abriu o jogo pela direita, vendo o lateral-direito chegando em velocidade. Maicon, assim como Torres, chegou batendo de peito de pé, mas a bola bateu na rede pelo lado de fora. Segundos depois, o árbitro apitou o final do primeiro tempo, e o futebol arte do Brasil começava a aflorar.

Infelicidade…
No segundo tempo, a Holanda voltou com mais ímpeto e querendo evitar uma nova eliminação nas mãos do Brasil em Copas do Mundo. O time não apresentava grande volume de jogo, mas cruzava várias bolas na área do goleiro Julio César. Em uma delas, a defesa brasileira bateu cabeça, pela primeira vez nesta Copa do Mundo. No lance, Sneijder cruzou fechado e alto em direção ao gol. O arqueiro do Brasil foi para a bola, assim como Felipe Melo, que acabou “dando combate” em seu próprio colega de equipe. Por infelicidade, o volante desviou de cabeça e balançou as redes contra o próprio patrimônio, empatando o duelo para a Holanda.

O gol sofrido, porém, não abateu o time brasileiro, que continuou mostrando mais qualidade no ataque. Em um lance de Kaká, a equipe quase desempatou o jogo. No lance, o meia brasileiro recebeu a bola pelo meio, viu o goleiro adiantado e bateu firme, de chapa, sem deixar a bola cair. Caprichosamente, o arremate tirou tinta da trave, e o tento de Kaká continuava encantado.

Acontece o inesperado…
Mesmo jogando melhor, o Brasil tinha que se preocupar com o traiçoeiro time da Laranja, mas não o fez. Em cobrança de escanteio pelo alto, Kuyt resvalou de cabeça e a bola sobrou à feição para a testade de Sneijder, que desempatou o duelo, que tomou ares dramáticos. Aos 28, a coisa ficou ainda mais difícil, quando Felipe Melo deu claras mostras de seu desequilíbrio emocional.

O atleta, que começou o duelo muito bem ao dar o passe para Robinho marcar o tento brasileiro, caiu de produção no segundo tempo, falhou no primeiro gol holandês, e terminou a partida de maneira lastimável, ao dar um pisão em Robben e ganhar o cartão vermelho, prejudicando o time brasileiro. Dunga, que havia tirado o pendurado Michel Bastos para evitar uma possível expulsão, mostrou-se frustrado no banco de reservas.

Nilmar foi o escolhido pelo treinador para buscar o empate, em detrimento de Luis Fabiano, que não teve nenhuma chance clara de gol na partida. O time brasileiro partiu para cima, e começou a depender dos escanteios para furar o ferrolho holandês. Em um destes lances, Stekelenburg fez defesa de puro reflexo após desvio. Kuyt, no segundo pau, afastou o perigo, e a tensão aumentava. Aos 40, Kaká arrancou pela esquerda e partiu para cima do zagueiro. Após limpar para a perna esquerda, bateu firme, mas a bola desviou na zaga, em outro lance de grande perigo.

Estarrecido, Dunga assistia à seleção sucumbir diante de uma equipe que pouco ameaçou o time canarinho, tendo marcado dois gols em lances isolados. Coincidentemente, o último lance de esperança brasileiro foi uma cobrança de falta na entrada da área, assim como em 2006. Daniel Alves foi o escolhido para bater a falta. Em 2006, foi Ronaldinho. Os dois falharam, e o Brasil acabou eliminado. Cai o primeiro sul-americano nas quartas-de-final da Copa. Argentina, Uruguai e Paraguai ainda sonham. Ao Brasil, resta o alento de que a equipe caiu de maneira valente.

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