segunda-feira, 3 de maio de 2010

UM POUCO DE MIM CAPÍTULO XI


As durezas da vida não fizeram Zizinho desistir de dois sonhos: o primeiro era jogar futebol, o segundo se tornar um radialista/jornalista. O desafio era muito difícil, principalmente para uma garoto da periferia orfão de pai e mãe, sem ter uma pessoa para lhe dar o devido apoio nesta luta. Só restava acreditar em sí próprio e tocar as idéias para frente. Zizinho fez a primeira tentativa no futebol em um time grande, o Confiança, lá chegando foi recebido pelo técnico Barriga, que inclusive também era auxiliar do famoso Ariston Dias, responsável pelo time de profissionais.

Treinou, foi aprovado, chegou a jogar algumas partidas pelo campeonato da categoria juvenil, porém tinha contra sí um terrível adversário. Não tinha de onde tirar o sustento, a não ser do trabalho na Olaria, e, neste caso, não teve outra alternativa a não ser largar o Confiança e continuar jogando no segundo quadro do Náutico, o mais famoso time de pelada que já existiu em Aracaju. Bem o primeiro sonho de ser um atleta profissional virou pesadelo. Porém no Náutico, conseguiu brilhar no time de cima e ser um dos seus pricipais jogadores. Restava lutar para conseguir realizar o segundo, ser um radialista/ jornalista.

Com este objetivo na cabeça, o garoto Zizinho buscava na leitura de tudo que via pela frente e principalmente os jornais e revistas que encontrava ao vasculhar os tonéis de lixo que erem colocados na frente das residências dos burguezes na Av. Simeão Sobral, naquela época o reduto das pessoas mais ricas da cidade. Alí despois de retirar as páginas manchadas pelos restos de comida, Zizinho aproveitava as páginas internas para fazer a leitura das notícias, sempre imitando os famosos locutores do nosso rádio, notadamente o saudoso Silva Lima o mais famoso deles.

Passados alguns anos, o que antes era quase impossível começou a se transformar numa realidade real. O velho Dunda, pai de Orlando, hoje proprietário das Lojas Imperador, comprou um serviço de autofalantes, cujo nome era "Empresa de Publicidade São Miguel", que inclusive levava o nome do seu prooprietário. Para trabalhar na locução, colocou a sua filha Oliete. Naquela época, as pessoas pagavam para ouvirem as músicas que gostavam, ofereciam às namoradas, registravam aniversários, batizados, casamentos e todos os tipos de festas.

Curioso, Zizinho ficava observando a Locutora trabalhar e sempre que tinha um tempo, após terminar o horário de trabalho na Olaria do velho Dunda, ia para perto da sala de locução e ficava observando o que Oliete falava. Um certo dia, ou melhor uma certa noite, Oliete tinha marcado um encontro com o seu namorado, um jovem chamado Melo e não queria faltar. Que fez, procurou Zizinho e disse-lhe: já que você sempre fica corujando o meu trabalho, será que tem coragem de assumir a locução do programa em meu lugar? Se tiver coragem, venha fazer um teste, se passar eu te deixo aqui e amanhã vou falar como meu pai para tirar-lhe da Olaria e colocá-lo tomando conta da Empresa. (Ainda esta semana tem mais)

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