Na batalha contra um câncer na garganta desde setembro de 2011, o ex-jogador Amarildo comemora no início deste ano a resposta positiva de seu organismo à severa rotina de tratamento e diz confiar na recuperação completa. No Rio de Janeiro, onde vive, o herói brasileiro da Copa de 1962 ainda afirma que o apoio manifestado por fãs italianos tem sido fundamental para seu estado de espírito diante da adversidade da vida.
Em contato com a reportagem do UOL Esporte, o substituto de Pelé no Mundial do Chile relatou que já passou pela fase mais dura do tratamento, em sessões de quimioterapia e radioterapia. Agora, diz ter reestabelecido peso e vigor.
Brasileiro Amarildo teve destaque com a camisa do Milan; também defendeu Fiorentina e Roma
"No início não podia falar, nem comer. Não conseguia engolir. A dificuldade era enorme, mas agora está tudo normal, não sinto nenhum problema", afirmou o ex-jogador de 72 anos.
"Não posso fazer tudo aquilo que fazia, não posso tomar muito sol, gastar energia. Perdi o cabelo, é normal, mas eu não tinha muito também, usava corte raso. Mas ganhei 8 quilos, estou com 67 kg. Me alimento normalmente, os doutores estão contentes com a evolução", acrescenta Amarildo.
O ex-jogador da seleção vem sendo tratado por uma equipe do Inca (Instituto Nacional de Câncer), no Rio de Janeiro. "Ele vem sendo acompanhado pelo dr. Jacob Kligerman. Foi o presidente do Botafogo [Maurício Assumpção] que conseguiu o tratamento", diz dona Maria do Carmo Silveira de Souza, irmã de Amarildo.
No Rio de Janeiro, além das sessões de tratamento Amarildo mantém uma rotina pacata, de repouso, muito futebol na televisão e rápidos passeios pelo quarteirão no bairro da Tijuca. O antigo goleador diz que espera concluir a etapa de quimioterapia em um ou dois meses.
ITÁLIA MANDA MENSAGENS DIÁRIAS DE APOIO
Amarildo conta que mantém contato com alguns amigos da "velha guarda" dos tempos de Botafogo, como Zagallo, e também diz receber telefonemas periódicos de dirigentes do clube. No entanto, o ex-atacante relata que é da Itália que vêm as mensagens mais entusiasmadas de apoio.
Atacante Amarildo chora durante partida da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1962 no Chile
O brasileiro atuou por nove anos na Itália e viveu por quase três décadas no país. Amarildo diz que recebe mensagens por e-mail diárias de gente que conhece e de muitos torcedores que nunca viu na vida. Todo o material é controlado pelo filho Rildo.
"Todo dia recebo mensagens da Itália. É uma coisa extraordinária. Joguei por Fiorentina, Roma e Milan, mas recebo mensagens até de torcedores de times que não defendi. Até fiquei admirado de saber que eles conhecem o meu caso. Fico muito emocionado, não pensei que gostassem tanto de mim lá", afirma.
HERÓI EM 1962 AO SUBSTITUIR PELÉ
Nascido em Campos dos Goytacazes em 29 de julho de 1939, Amarildo vestiu as camisas de Flamengo e Vasco. No entanto, foi com o branco e preto do Botafogo que viveu seus melhores momentos no futebol brasileiro, no timaço de Garrincha, Didi, Nilton Santos e companhia. Na Itália, onde viveu por algumas décadas, o ex-atacante conhecido nos gramados como "O Possesso" defendeu Milan, Fiorentina e Roma.
No entanto, o instante mais célebre da carreira de Amarildo aconteceu mesmo no Chile, durante a Copa de 1962. O então jogador do Botafogo foi o escolhido pelo técnico Aymoré Moreira para substituir Pelé, machucado ainda na primeira fase. Diante do que poderia ser uma "fria", jogando na vaga do Rei, o ex-atacante conseguiu cumprir a missão com louvor.
O botafoguense foi fundamental na dramática vitória de virada por 2 a 1 sobre a Espanha no último jogo da primeira fase, tido como o mais complicado do Brasil naquele Mundial, com dois gols marcados. Amarildo voltaria a balançar as redes mais uma vez, no primeiro gol do triunfo por 3 a 1 sobre a Tchecoslováquia na final em Santiago.
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