quinta-feira, 4 de março de 2010

Capítulo X um pouco de mim


Mesmo com tantas dificuldades, o garoto Zizinho sempre acreditava que um dia as coisas iriam mudar, mesmo não tendo mais condições de estudar, por falta de tempo e condições, com muita persistência, buscava sempre ler tudo que encontrava pela frente. Um dos meios encontrados para sempre estar em dia com a leitura, foi buscar nos tonéis de lixo, colocados em frente às mansões da Avenida Simeão Sobral, local onde residia a burguesia de Aracaju, os jornais e revistas que alí eram jogados. Com muita paciência, Zizinho retirava as páginas sujas e aproveitava o que sobrava, para ler nos poucos momentos de folga.

Foi em uma dessas leituras, que nasceu a vocação para a profissão de radialista. Nos jornais ele grifava todas as notícias e à noite, fechava a mão direita e a utilizava como se fosse um microfone, empostava a voz e procurava imitar o radialista Silva Lima, apresentador do noticiário "Informativo Cinzano". Em outras oportunidades, grifava trechos do Jornal dos Esportes, que traziam os gráficos dos goals da rodada do campeonato de futebol do Rio de Janeiro, e, procurava narrar o que alí estava escrito. Estes exercícios foram fundamentais para que Zizinho tomasse gosto pela profissão.

A sobrevivência continuava difícil para o pequeno guerreiro, porém nada conseguia retirar da sua cabeça que um dia seria um homem de rádio, haja vista que, jogar futebol, apesar de ser a sua paixão, naquela época não lhe rendia dinheiro, por sinal o que mais ele necessitava. Neste espaço de tempo trabalhando nas Olarias, Zizinho conheceu uma menina, morena como ele, bonita e muito corajosa. Esta jovem de família humilde, também trabalhava em uma das Olarias, e, os encontros foram se tornando frequentes, principalmente nos ensaios de quadrilha que eram realizados na casa do Sr. Pedrinho.

Neste período da sua vida, Zizinho mesmo tendo começado um namoro com a morana Maria, iniciou um pequeno romance com uma jovem branca, de família classe média, filha do Sr. Zequinha e dona Alaíde, o nome da jovem era Luzia. naquela época quem trabalhava na matança dos porcos, no Matadouro Modelo, era considerado rico, este era o caso do Sr. Zequinha, o pai de Luzia. O namoro durou poco mais de três dias, pois ao tomar conhecimento do romance, o Sr. Zequinha obrigou que o namoro fosse desfeito e o pior, proibiu Zizinho de transitar pela rua onde a jovem residia, sob pena de sofrer sérias represálias. (Aguardem o próximo capítulo).

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