terça-feira, 20 de abril de 2010

MOTINHA: Atacado pelas cobras que criou


Nunca a frase: Maldito o homem que confia no outro, foi tão verdadeira, quanto neste episódio que culminou com o afastamento do presidente do Clube Esportivo Sergipe, o senhor Antônio Soares da Mota(Motinha).

Dirigindo o Sergipe ao longo destes mais de trinta anos, Motinha conseguiu aglutinar ao seu redor várias pessoas, algumas delas chegando a se notabilizar, ganhar fama no cenário esportivo do nosso estado e até conseguir bons empregos, graças ao prestígio do clube mais querido do estado e seu presidente.

Grande parte destes auxiliares e outros penetras, viviam sempre ao lado do Motinha, e o pior, diziam amém a tudo que Motinha fizesse ou falasse. Muitos chegavam no João Hora pela manhã e só saiam à noite. Abastecer seus veículos? era só ir ao Posto de Combustível do presidente que estava tudo certo. Outros se esbaldavam nas noitadas, principalmente após as grandes conquistas. "Eram quase irmãos".

Quem não lembra da Ciganinha e sua boate. Figura querida Ciganinha recebia quase que diariamente as visitas do presidente e seu time de auxiliares. Tudo era festa. Falar mal de Motinha era proibido e até perigoso, pois os amigos do presidente não admitiam que o mesmo fosse criticado. O pior de tudo isso, é que o Motinha, gostava de ser paparicado e criou a mística de ser um homem bravo, violento e acima de tudo destemido.

Ao entrar na política, Motinha cultivou algumas amizades, nomeou alguns assessores, e, enquanto teve mandato, os manteve ao seu lado. O tempo passou, o Motinha foi perdendo aquele poder econômico de antigamente, e, neste caso, como é a ordem natural dos ingratos, alguns "amigos" foram se afastando e o velho presidente, acabou isolado.

Para alguns Motinha foi o único culpado pelo isolamento. Porém para quem acompanhou toda sua trajetória, a coisa não é bem assim. O fator que deu origem ao isolamento foi pura e simplesmente a queda do poder econômico, pois no Sergipe quem sempre pagou a conta foi Motinha e a saída do cenário político( não teve como manter assessores).

Por tudo que aconteceu ao longo destas três décadas e pelo que estamos vendo hoje, Motinha terminou sendo mordido por algumas cobras por ele mesmo criadas.( 90% das denúncias que estão na justiça, partiram dos ex-homens de confiança) e de forma melancólica terminou o seu ciclo à frente do clube que ele tanto ama e pelo qual é capaz de dar a sua própria vida. É por estas e outras que neste mundo temos que tomar todos os cuidados possíveis, pois o fogo que mais queima é o fogo amigo. O velho Mota esqueceu de: Confiar sim. Desconfiar sempre. Conhecidos muitos. Amigos poucos.

Motivos: Pelo volume de denúncias que foram entregues à justiça, todas elas fornecidas por seus ex-auxiliares, depoimentos de funcionários, atletas com salários atrasados etc. Alguma coisa teria que ser feita para salvar o Sergipe. É claro que a perpetuação no poder é prejudicial a qualquer clube ou entidade. Já tinha passado da hora de Motinha entregar o comando a outra pessoa, e, se o fizesse antes, teria evitado passar este vexame depois de uma laga folha de serviços prestados ao Sergipe.

Futuro: Com a saída de Motinha, é chegado o momento daqueles que lutaram para que isto acontecesse, mostrarem a cara e colocarem em prática tudo que prometeram nas entrevistas concedidas. Transparência, competência, criatividade etc, foram alguns ítens prometidos, e, o torcedor, que ha muito vem sofrendo, não tem tanta paciência para esperar muito tempo pelas mudanças.

Motinha saiu deixando alguns problemas para serem resolvidos, porém deixou o clube com um patrimônio invejável (O estádio João Hora), dotado de um belo salão de festas, piscinas e um posto de combustível, garantia de um bom faturamento. Neste caso trazer o Sergipe de volta para as grandes conquistas é o que o torcedor espera dos novos administradores.

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