sexta-feira, 4 de março de 2011

ENTREVISTA COM O PELÉ DO RÁDIO ESPORTIVO DO BRASIL

Fonte: Instituto Memória


DENI MENEZES nasceu em Manaus, Estado do Amazonas em 1939 Ajudou a escrever a história do Rádio brasileiro, através de sua singular e meritória carreira, com passagens destacadas pelas emissoras: Nacional, Globo e Tupi, dentre outras.
É uma referência pela inigualável categoria e expressão qualificada, além de um personagem sem igual na história do futebol carioca e brasileiro dos últimos cinqüenta anos.

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ENTREVISTA COM O REPÓRTER DE OITO COPAS DO MUNDO


Caro Deni Menezes, quando e como começou sua paixão pelo rádio?

DENI MENEZES:  Minha paixão pelo rádio começou cedo. Ali pelos 11 anos. Os mais velhos jogavam botão, no chão  de tábua corrida, e eu furava o fundo de uma lata de leite condensado, colocava um barbante e fazia dela um microfone para narrar o jogo do meu irmão (Denizard) mais velho e dos amigos dele. Como eram mais velhos, tinham preferências. Meu irmão jogava com o escudo do Botafogo, outros com o do Fluminense, Flamengo e Vasco. Eu, o mais novo, tinha que jogar com escudo de time pequeno: era Olaria.  
 Você teve algum ídolo da comunicação que o fez admirar o veículo, ou referência profissional? Conte-nos sobre a sua iniciação na Rádio Baré?
DENI MENEZES: Procurei a Rádio Baré aos 14 anos. Era perto da minha casa. Jaime Rebelo, diretor artístico da rádio, me recebeu. Colocou-me para apresentar "Esporte no Ar", às 12h45m, e depois, o "Panorama Esportivo", às 22 horas. Eu já fazia o ginasial no Colégio Pedro II, à noite. Algumas vezes matei aula para ouvir jogo do Fluminense na casa de amigos, de vez que na minha casa não havia rádio com potência. Ouvia alguns jogos na casa de um amigo que tinha bateria de carro e ligava porque na época faltava energia elétrica quando menos se esperava.  Na mesma época, Flaviano Limongi – amigo e colega de turma do meu pai na Faculdade de Direito do Amazonas, eles se formaram na turma de 1950 – e que mais tarde seria o primeiro presidente da FAF – Federação Amazonense de Futebol, levou-me para A Crítica, o principal jornal de Manaus. Fiz muitas matérias, aprendendo sempre com interesse.

MAIS MEMÓRIA: Como foram os primeiros anos de vida no Rio de Janeiro, saindo de uma cidade do Norte?

DENI MENEZES:   Em janeiro de 58 decidi vir. Vim com 5 mil cruzeiros. Era grana. Um crush – o refrigerante da época – custava 40 centavos. Minha mãe me deu os 5 mil. Passei uns dias no apartamento da prima Joíce, na Av. Nossa Senhora de  Fátima e depois fui morar com o primo Raimundo, irmão dela, numa vaga na casa de uma portuguesa, acredite, que  se chamava Primitiva Aurora… Aí veio de Manaus um amigo meu, irmão da minha primeira namorada (Hilma), que foi trabalhar na Vasp, no Santos Dumont. Quando ele saía, por volta da meia noite, nós caminhávamos do aeroporto ao bairro de Fátima, passávamos no Leque de Ouro, um barzinho na esquina da Rua do Riachuelo com Tadeu Kociusco – existe até hoje – comprávamos  um crush e subíamos a pé para casa, na Rua Tavares Bastos, lá no alto.
O Heyder, meu amigo, pegava na Vasp os sanduíches de queijo e presunto – do último Sao Paulo – Rio – e a gente  "jantava". Pegava muito, uns oito ou dez. Uma delícia. E o preço agradava.

Quando a grana começou a acabar, procurei o Rosito, que era locutor da Rádio Mundial, no edifício Cineac, ali em frente ao hoje Av.Central. Ele me pegou pelo braço e foi caminhando comigo á Mayrink Veiga. Lá ele me apresentou ao Oduvaldo Cozzi como se eu fosse o melhor repórter do mundo. O Cozzi disse: ele pode até ser, mas eu não tenho vaga. Rosito: e se eu for falar com o Victor Costa – era o dono da rádio -, o Cozzi disse: "aí ele vem pro meu lugar, pois o Victor é quem manda."
Fomos na Nacional, ali ao lado. Fomos nada mais nada menos à presença do Heron Domingues, que era,  simplesmente, o apresentador do Repórter Esso e diretor de jornalismo da principal emissora do país e da América
Latina, naquela época. Heron me levou ao Antonio Cordeiro, que era o chefe do Esporte. Depois que o Cordeiro terminou de apresentar "No Mundo da Bola", fez um teste comigo. Na época, as resenhas eram lidas e davam muito valor a quem sabia escrever. O programa era das 19h15m às 19h30m, porque A Voz do Brasil era das 19h30m às 20 horas. Aprovado, Cordeiro disse: vem aí todo dia para ver como é o trabalho.
Dias depois, tive que ir ao Maracanã, domingo. Era Botafogo x S.Paulo, pelo torneio Rio-SP, último jogo do Zizinho no Maracanã. SP 5 x 2. Vi, observei, comecei a trabalhar. Abril de 58. Cinco mil cruzeiros por mês. Em novembro, me chamaram para assinar a primeira carteira profissional: oito mil cruzeiros por mês.
 Como se tornou torcedor do Fluminense?   
DENI MENEZES: Passei a gostar do Fluminense porque o time foi campeão em 1951 e eu ouvia os jogos no rádio, imaginando como eram os estádios, principalmente o Maracanã. Pagava todo início de mês 8 cruzeiros para receber toda terça a revista Esporte Ilustrado, que trazia a cobertura, com fotos belíssimas, dos jogos da rodada do final de semana. Naquela época, os gráficos que publicam hoje para mostrar como foi o gol, já existiam. "Nada se cria, tudo se copia".   Era fã de Castilho, Píndaro e Pinheiro, o chamado trio final campeão de 51. Quando entrei pela primeira vez no vestiário do Maracanã e fiquei frente a frente com o Castilho, não acreditei. Anos mais tarde, Pinheiro me emprestava a chave do apartamento que ele tinha no edifício Sultana, Senador Vergueiro 98. O time concentrava sexta-feira, após o treino da manhã, e eu devolvia a chave a ele domingo, após o jogo no Maracanã.
Ouvi a Copa de 54 no rádio quando o Brasil perdeu para a Hungria (4 a 2), em 27 de junho. Pinheiro era titular.

Até hoje, quando vou às Laranjeiras, fico emocionado quando vejo aquelas palmeiras, que apareciam nas fotos do time do Fluminense, em preto e branco, que eu mandava buscar pelo correio.

No entanto, o time no qual tive mais amigos foi o do Botafogo, bicampeão carioca 67-68. PC Lima, Jair, Roberto, Moreira – que hoje vive no Texas e outro dia comeu uma pizza comigo no Zona Sul do Leblon -, Zé Carlos, que era casado com a irmã da Clara Nunes, Zagallo, com quem atravessei o gramado de General Severiano na tarde em que estreou como  técnico dos juvenis do Botafogo.
 Alguma relação mais próxima de algum outro clube?

DENI MENEZES:      O time do Bangu, campeão de 66. Tim, na boca do túnel, era fantástico. Não perdia a tranqüilidade, o time  voltava outro para o segundo tempo. Não foi ele em 66, foi Alfredo Gonzalez, um argentino que me dava carona da Sá Ferreira à Bangu, no fusquinha dele. Eu ia de ônibus do Leblon para encontrar com ele em Copacabana. Quem me  apresentou a ele foi Alberto da Gama Malcher, comentarista de arbitragem, meu colega na Rádio Globo, que apitou o jogo dele no Flamengo campeão carioca de 39… ano em que nasci.

Torci muito pro Bangu em 66, convivia diariamente com o time, gente boa, humilde.


Torci muito pro Bota bi 67-68 porque subi junto com Jairzinho, Roberto, Paulo Cesar, que eram juvenis. E mais  o Zagallo.

 Fale-nos de sua coleção de camisas de clubes. Quando começou a colecionar e quantas chegou a ter?
DENI MENEZES: Não tenho lembrança, sinceramente, de quando iniciei a coleção de camisas. Hoje quem administra a coleção é o  Fabio, meu filho, que sabe direitinho onde encontrá-las. É coisa que peço sempre a jogador, técnico e, em certos casos, a  dirigentes, nem todos são confiáveis. Temos algo em torno de novecentas.
“ Hoje, o dia será pequeno para tantos abraços”. Bordão tradicional e famoso de Deni Menezes.
 Você cobriu oito Copas.  A primeira como diz o ditado popular – nunca esquecemos. Fale da primeira Copa?

DENI MENEZES: Cheguei em 70 a Guadalajara bem antes da seleção. Fiquei no La Estância, motelzinho a cem metros do hotel da seleção. Coisa linda, depois dos jogos no estádio Jalisco, era ver a bandeira do Brasil estendida nas janelas dos apartamentos. Os brasileiros jogavam flores para a torcida. Os ingleses ficaram no último andar do Hilton e mandavam buscar água e carne em Londres… Eu gostava muito de mermelada de fresas (Marmelada de morango). Delícia. Jugo de piña (suco de abacaxi), coisa de louco.

No México, fiz muitas amizades. Assim que cheguei, um fotógrafo do ESTO – principal jornal esportivo – me perguntou  sobre o Saldanha, quando chegaria. Eles queriam o João escrevendo para o jornal. Fui o intermediário, mas não sei  quanto pagaram ao João. Ele me dava a cópia da coluna que escrevia para O GLOBO e eu ia traduzindo para o ESTO.    No final da Copa, conquistei a função de Jornal no Brasil. Trabalhava duro, mas me pagavam bem nas  verdinhas do Tio Sam. Voltei muito ao México. Fiz muitos amigos. Um deles, Alfonso Gonzalez Archundia, árbitro, engenheiro da Pemex, a Petrobras de lá, que veio aqui apitar na Taça Independência de 1972 e eu o
ciceroniei.
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Deni Menezes em seus primeiros anos na cobertura esportiva.
 Fale de sua trajetória nas Rádios do Rio de Janeiro?

Deni Menezes: Em abril de 64, Telê Santana me indicou ao Madureira para viajar com o time. 64 dias na Ásia e na Europa, levado pelo empresário José da Gama. Primeiro time das Américas a jogar na China de Mao-tse-Tung, quando nove chineses estavam detidos no Brasil pela Revolução militar. Fiz a cobertura da viagem para O GLOBO. Deu matéria, com foto, de  primeira página. Ricardo Serran, o editor, me convidou. Fiquei. Fiz O GLOBO até 1976, após as Olimpíadas do Canadá.
Em março de 65, Waldir Amaral me chamou para a Rádio Globo. Fiquei lá até 76, saindo em fevereiro de 77, após as férias, com José Carlos Araújo, para ganhar três vezes mais de salário e um caminhão de dinheiro de publicidade com  Francisco Xavier Imóveis, que pagava 150 mil na Globo e passou a pagar 450 mil na Nacional !!!
Na rádio Globo, fiz excursões de montão, Brasil e exterior, com times e seleções. Fiz as copas de 70 e 74. Pela rádio Nacional fiz as copas de 78 e 82. Voltei com o garotinho para a Globo em 86 e de lá saí em 94, após a Copa dos Estados Unidos. Fiz a última Copa em 98, na Tupi.
 Fale de recordações das coberturas e de uma grande alegria em particular?

DENI MENEZES: Tostão passou dias sem treinar. Quando foi liberado para dar a primeira entrevista, problema no olho, o Dr.Lídio disse:  o Tostão vai receber um repórter, que terá a obrigação de passar o material para todos. Ele disse que quer que o  Deni Menezes seja o repórter a ir entrevistá-lo. Que moral, hein? : Cite os três melhores jogadores que você viu jogar, justificando seu ponto de vista?
DENI MENEZES: Melhores jogadores, penso que não preciso justificar: Pelé e Garrincha. Entre outros, uma infinidade. Impossível  citar todos. Didi, Nilton Santos, Pinheiro, Castilho – o melhor dos goleiros -, o ataque do Botafogo bicampeão 61-62 e  o outro, bicampeão 67-68, coisa de louco. Carlos Alberto Torres – imagine! – superior a Djalma Santos, que foi um monstro.
 Nas suas coberturas de futebol, qual o técnico que mais o impressionou?
DENI MENEZES: O melhor técnico foi Elba de Pádua Lima, o Tim. Genial. Sabia tudo. Na véspera da decisão da Taça GB de 66,  dirigindo o Fluminense, ele me disse: amanhã a torcida do Flamengo vai me ajudar a ganhar o jogo. Toda vez que   gritar Mengoooo, empurrar o time pra frente, o Mario Tilico vai arrancar no contra-ataque e fazer os gols. O  neguinho tinha um pique. Fez dois. Fluminense 3 a 1.
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Deni Menezes: A paixão pelo Rádio como ofício de vida.
 Qual foi a decisão de campeonato que mais o emocionou pelo jogo, pelo desempenho dos jogadores ou por um fator determinante que você possa destacar?
DENI MENEZES: As duas decisões 83 e 84 Fla-Flu, com os gols do Assis. Em 83, eu estava na beira do campo, andando ali em  frente ao túnel do Flu, esperando o Arnaldo Cesar Coelho apitar o final – o Maracanã tinha cronômetro ao lado do  placar e estava na pinta 45 e ele olhou para o pulso – quando o Deley lançou o Assis e, na saída do Raul, ele marcou  o gol, coisa de louco. Em 84, cruzamento do Aldo, Assis de cabeça e o Ubaldo Fillol ficou olhando. Eu estava atrás do  gol do Fluminense e o Paulo Victor correu pra me abraçar…
MAIS MEMÓRIA: Qual é o seu Fluminense de todos os tempos?
DENI MENEZES: Castilho, Carlos Alberto, Pinheiro, Altair e Marco Antonio; Pintinho, Rivellino e Romerito;   Telê, Assis e Paulo Cesar.
 Quais seus ídolos do Fluminense como torcedor?
DENI MENEZES: Meu ídolo foi Pinheiro. É o Pinheiro. Gostava de vê-lo jogar porque tinha coração tricolor. Uma vez eu liguei pra ele  antes de um amistoso com uma seleção olímpica da Rússia, no Maracanã, e ele me disse: estou com o ombro  baleado, mas vou jogar. Jogou bem, como sempre, e o time ganhou.

Pelé ou Garrincha?

DENI MENEZES: Os dois. Juntos, nunca perderam jogando pela seleção.
 
 Pelé ou Maradona? Por que?

DENI MENEZES: Maradona, pra engraxar a chuteira do Pelé.      Uma vez, em Buenos Aires, perguntei a Nestor Rossi, um mulato que os argentinos reverenciam como um dos  gigantes de sua história, centro-médio dos anos 50-60.
Rossi: ?quien fue más grande, Pelé o Maradona?  Sabe como   ele me respondeu, professsor?  Com um sorriso… Maradona foi bom, mas abaixo de Cruyff. Cruyff era fantástico!!!

Em outra oportunidade, perguntei a Cesar Luis Menotti: Pelé ou Maradona?      – No dia em que o Maradona for treze vezes campeão paulista, onze anos seguidos artilheiro do campeonato  paulista, três vezes campeão do mundo e marcar mais de 1.200 gols, aí podemos começar a pensar…

  Com tantas coberturas internacionais, cite o melhor jogador de futebol estrangeiro que você viu jogar?
DENI MENEZES: Johann Cruyff, da Holanda, na Copa de 74, na Alemanha. Um monstro!
  Durante muitos anos você apresentou um programa matinal exatamente as 06h50 da manhã. Fale desse programa e como o preparava.

DENI MENEZES: O programa que eu apresentava na Rádio Globo começou em 1976. Chamava-se Toque de primeira.  Quando fomos para a Rádio Nacional, no início de 77, passou a se chamar Primeiro tempo.  As notícias eram dadas na base de foguete, tipo assim: Fluminense contrata Rivelino por um ano. Ele  será apresentado amanhã e ganhará tanto por mês. Estréia prevista para o dia tal com o time tal, tantas  horas, no estádio tal.
  Os resultados da noite anterior eram sempre precedidos de uma chamada para atrair o ouvinte, tipo assim:  nove gols nos quatro jogos de ontem à noite que abriram a rodada tal do campeonato tal.   Time tal manteve a liderança ao ganhar do time tal: 1 a 0, gol de fulano. Se o tempo do gol fosse relevante,  tipo gol de fulano logo no primeiro minuto ou gol de fulano no minuto final, acrescentava-se. Fazia-se também  um resumo de possíveis amarelos e vermelhos e de outros fatos que merecessem registro, tudo bem objetivo.  No final, os resultados eram confirmados. Observe que nas transmissões, hoje, o Garotinho é o único, em que dá o tempo do jogo, de 5 em 5 minutos, ou durante a bola rolando que diz: Vasco 1 a 0, gol de fulano.  Foi uma observação que fiz para ele porque certa vez eu descia de Petrópolis e nem o locutor nem o ponta  eram capazes de acrescentar o autor do gol. Diziam sempre: Botafogo 1 a 0.
   O ouvinte precisa estar sempre, permanentemente bem informado, sabendo de tudo.
    O programa exigia muito. Quantas vezes eu dormia depois de uma/duas horas e estava na rádio às seis,  para conferir o que os colegas poderiam ter deixado como últimas notícias durante o final da noite anterior…
   O Toque de primeira, apesar do horário e de ser curto, foi o programa que mais marcou minha passagem no rádio. Até hoje, não são poucas as pessoas que se recordam e comentam comigo quando me encontram na rua.


 QUAIS OS PRINCIPAIS BORDÕES LANÇADOS POR VOCÊ E O QUE VOCÊ ACHA DO RÁDIO ESPORTIVO ATUAL?
DENI MENEZES: O Dr .Paulo Pinheiro, vascaíno, que foi diretor do Miguel Couto e hoje é político, não sei se vereador ou deputado, outro dia me disse: "Sinto saudade de quando você anunciava: hoje o dia será pequeno para o   vascaíno Paulo Pinheiro receber abraços por mais um aniversário".     A expressão "hoje o dia será pequeno para fulano receber abraços por mais um aniversário" e outras tipo aquela   que lhe falei "O Vasco é o Rio na decisão", marcaram muito. Outra que agradou muito e alguns colegas ainda usam
   hoje é a do fechamento dos boletins nas viagens com times pelos estados e exterior: "De Londres,
lado a lado com   a seleção brasileira, fulano de tal para O Globo no Ar." 
     Outra expressão que marcou bem foi "
a camisa que tem cheiro de gol" ,lançada em 71 quando o Flavio fazia   muito gol e ajudou o Fluminense a ser o campeão carioca daquele ano. Depois eu a repassei a Roberto Dinamite,   que veio alguns anos após a fazer o mesmo no Vasco.      Não marcou tanto, mas até hoje, quando encontra comigo, Tita me abraça e se lembra: "Tita, o garoto de ouro da Gávea". 
Voltando ao programa das 6h50m, eu sempre fechava dizendo: "Volto amanhã aos 10 para as 7". Havia quem  me perguntasse por que "aos 10 e não às 10 para as 7." Sempre dizia que era uma questão de falar bem o idioma.
Aos 10 porque era aos 10 minutos para as 7.  E eu emendava com outra pergunta: se eu disse às 10 para as 7,  quer dizer o quê ? Às 10 não diz nada. Aos 10 é correto. Quando assistir, preste atenção que no Jornal Nacional,  supostamente uma referência do jornalismo televisivo, os apresentadores dizem às… Possivelmente quem os comanda não presta atenção ou não sabe para corrigi-los. É o que acontece muito no rádio, sobretudo no rádio esportivo. Há  uma geração nova, despreparada, que erra, repete e não é corrigida. Ouço muito dizerem a "situação está  meia complicada lá pelas bandas do Flamengo" . Meia o quê? Meia é o que usa antes de pôr o sapato. O correto é a situação está meio complicada. Ou então algo complicada.     Eu não sou professor de português, mas gosto, sempre gostei de escrever e de falar bem. Não troco o primário que  fiz no sótão da casa de uma professora no Centro de Manaus por muita coisa que ensinam hoje.
  Fale de seu blog, como nova experiência profissional?

DENI MENEZES: O blogdodenimenezes.com está completando quatro meses e meio. Foi apresentado no dia 4 de março, em homenagem à minha esposa Vera – que nasceu nesse dia – e aos nossos 42 anos de casados. A ideia do blog foi do
  Luis Carlos Silva, ex-narrador esportivo da Rádio Globo e hoje diretor da Sportplus, bem-sucedida empresa de marketing esportivo, junto com Elso Venâncio, que, a exemplo dele, também foi meu colega na emissora como um  dos bons repórteres. O blog é bom, motiva, inspira na criatividade, exercita na redação. Mas exige fôlego, o que,  felizmente, até hoje nunca me faltou.
 O que é o Rádio em sua vida?

DENI MENEZES: O rádio deixou de ser. O rádio foi uma das melhores fases da minha vida. Tive a sorte de trabalhar com muita gente competente, tipo Antonio Cordeiro e Heron Domingues, o grande Repórter Esso, e, em jornal, com  Ricardo Serran (editor) e Argeu Affonso,que copidescava minhas matérias. Ele me dizia muita coisa sobre o que  colegas falavam no rádio e eu eliminei. Um pequeno exemplo: "Deni, por que os teus colegas de rádio dizem antes do jogo: o Vasco vai jogar à direita e, consequentemente, o Flamengo ficará à esquerda?" Tinha razão. É mais que  o óbvio. Procurei então uma alternativa, já que eu acompanhava o sorteio no meio do campo e, quando o capitão  escolhia o lado,eu informava: fulano ganhou o sorteio: o Flamengo vai jogar à direita da tribuna de honra. A saída é  do Vasco ou o Vasco dá a saída."  Outra coisa que diziam muito: renda de tanto  para um público de tantos mil  pagantes. A renda nunca foi para o público. Então eu passei a substituir: renda de tanto, público de tanto, mais  simples, mais bjetivo.     
  Deixe sua mensagem para os futuros profissionais da comunicação, sobre o perfil que você entende ser necessário para o bom desenvolvimento no trabalho da imprensa?

DENI MENEZES: . Heron Domingues fez o decálogo do radiojornalista e o afixou na sala  de jornalismo da Rádio Nacional. Do primeiro ítem, nunca esqueci: "Informe primeiro, mas primeiro informe certo."
O que poderia sugerir aos que estão começando é que se dediquem muito no aprendizado, observando como as coisas são feitas e, principalmente, procurando não incorrer em erros que boa parte comete. Preparo profissional, dedicação ao trabalho e comportamento ético. clip_image010clip_image012
Castilho e Pinheiro seus grandes ídolos do Fluminense.
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Cruyff craque holandês, na opinião de DENI MENEZES, o melhor jogador estrangeiro que viu jogar.
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Gol de Assis após lançamento do craque Deley. Flu campeão. Grande emoção de Deni Menezes.
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Deni Menezes em foto recente entrevistando Amarildo na Calçada da Fama do Maracanã e com Djalma Santos no dia em que o grande lateral bicampeão mundial, colocou os as marcas de seus pés na Calçada da Fama do Estádio Jornalista Mário Filho. Fotos: Blog do Deni Menezes.
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DENI MENEZES agracia seu grande ídolo Pinheiro –em evento no Tijuca Tennis Clube em maio/2010. Foto: Mais Memória.
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DENI MENEZES, Jair Pereira, Pinheiro, Antônio Lopes, Amarildo e Iata Anderson em evento no Tijuca Tennis Clube – maio/2010

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